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sábado, 14 de maio de 2011

Sobre História e Maçonaria

A partir do século XVII, a história da Maçonaria passa, com uma intensidade muito maior, a compor as páginas da História Geral da Humanidade, seja em razão de sua origem, seja pela importância de muitos de seus membros, ou por sua real e efetiva participação em significativos momentos da história dos vários povos onde milita.

Há que se observar, no entanto, que em diversos eventos históricos nos quais se propugna a participação da Maçonaria como instituição, o que se tem registrado, tão somente, é o fato simples de que alguns dos participantes desses eventos eram maçons.
Isso poderia, então, significar que, nesses casos que costumeiramente são citados como acontecimentos conduzidos pela Maçonaria, tais, a rigor, não seriam, mas teriam dentre seus reais partícipes – líderes ou apenas militantes – elementos dos quadros da Ordem. Seria, grosseiramente, em tais situações, como se afirmar que a Maçonaria participaria ativamente da Medicina, do Direito e da Engenharia, uma vez que em seus quadros contam-se profissionais como Médicos, Advogados e Engenheiros.
Certo é, no entanto, que possuindo em seus quadros obreiros da Arte Real, as instituições, os movimentos sociais, a política e, bem assim, quaisquer grupamentos humanos, hão de contar com mais luz e razão quando da elaboração de seus planos e para a condução de suas atividades, uma vez que os princípios de justiça e perfeição de que devem estar eivados esses Pedreiros da Luz se manifestarão como uma influência naqueles momentos.
Por essa mesma razão, é muito fácil encontrar nos acontecimentos desse período mais recente da humanidade, qual seja, a partir do século XVII, a presença e a ativa participação da Maçonaria, seja institucionalmente inserida como tal, seja representada pela ação pessoal de vários de seus obreiros, nos momentos mais importantes e significativos da história geral da humanidade. Podemos até afirmar, com base na documentação histórica atualmente existente, que os eventos mais importantes da História desse período, em sua maioria, sempre contaram com a participação, fosse da Maçonaria ou de maçons neles inseridos, direta ou indiretamente.
Dentre esses, sobretudo, destacam-se, com especial valor, os movimentos de independência ou, ainda, de libertação de regimes absolutistas de diversos países, como ocorrido nos Estados Unidos da América e, a seguir, na França e nos países latino-americanos, como o Brasil. Nesses movimentos, é certo que houve a participação da Maçonaria, tanto como uma instituição reservada e discreta, quanto pela presença atuante e imprescindível dos obreiros de seus quadros, isoladamente ou organizados.
Os princípios que norteiam a evolução dos homens livres e de bons costumes são de valor universal e permeiam o pensamento da Arte Real, sustentando as diretrizes adotadas em todos os continentes aonde atuam a Maçonaria e seus obreiros. Há muito a História Geral da Humanidade vem sendo escrita a muitas mãos, mas, certamente, nos últimos séculos, muitas dessas mãos assinam com o triponto.

sábado, 12 de março de 2011

Tiradentes

Joaquim José da Silva Xavier nasceu na Fazenda do Pombal, no distrito de mesmo nome, à margem direita do Rio das Mortes, na cidade de São José d’El Rei (atual Tiradentes), em Minas Gerais, no ano de 1746, sendo batizado na extinta capela de São Sebastião do Rio Abaixo, em 12 de novembro do mesmo ano. Era ele filho (quarto filho, dentre sete) do reinol Domingos da Silva Santos, proprietário rural, e da brasileira Maria Antonia da Encarnação Xavier. Seu pai, português, fora conselheiro municipal em São José d’El Rei.
Aprendeu a ler e a escrever com sua mãe, antes mesmo de frequentar regularmente a escola. Quando contava nove anos de idade, falece sua mãe e, logo dois anos depois, também seu pai. Com essa morte prematura dos pais, a família logo se vê endividada e, desse modo, em pouco tempo, perde as suas propriedades: fazenda, mineração, escravos e duas casas.

terça-feira, 8 de março de 2011

Academias Literárias e Sociedades Secretas


No início do século XVIII grassava pela Europa o que se chamou de “mal das academias”, com a proliferação de associações literárias, a partir da Itália, de país por país, sob os mais variados e pitorescos disfarces. Na Itália, onde surgiram inicialmente, havia a Academia dos Gelados, a Academia dos Solitários, a Academia dos Surdos e ainda outras mais. Na França, eram tais academias conhecidas por “salões”, dentre os quais se destacava o Salão de Rambauillet. Nas terras de Espanha, surgiram as Academias dos Noturnos, aAcademia dos Desconfiados e a Academia do Bom Gosto, entre outras.
Um estudo mais aprofundado dessas academias literárias e sociedades secretas que se difundiam, do ponto de vista do interesse maçônico, é bastante conveniente, uma vez que tais agremiações estão na origem dos primeiros encontros e organizações dos maçons no território brasileiro.
Alguns autores, por outro lado, consideram que esses centros de estudos e pesquisas vinham se encarregando de produzir conhecimento e difundi-lo, a serviço do absolutismo monárquico. 
Portugal, também, não deixou de embarcar nesse movimento, de modo que a moda logo se espalhou, chegando ao Brasil. As academias pretendiam, pelo menos, constituir-se em reuniões de letrados, tanto com objetivos científicos quanto literários.
Do ponto de vista do interesse histórico da Maçonaria no Brasil, não se deve fazer referência às academias como Lojas Maçônicas ou precursoras de Lojas. Tampouco se deve afirmar que eram grupos maçônicos que se reuniam com finalidades também maçônicas, porque simplesmente não há nenhuma prova documental ou evidência que consubstancie afirmação dessa natureza.
É certo, no entanto, que em muitos daqueles agrupamentos literários, fundados no Brasil Colônia do século XVIII, havia estudantes e literatos, maçons iniciados na Europa, que de lá traziam suas experiências, bem assim os ideais iluministas que se manifestavam na produção das academias, além do pensamento maçônico, por eles discretamente difundido.
A mais significativa para a Maçonaria, dentre as sociedades secretas criadas no Brasil foi, sem dúvida, o Areópago de Itambé e, por essa razão, destacada com um artigo específico neste blog.
Podem ser citadas, ainda, em nossa História: Academia Brasílica dos Esquecidos, Academia dos Felizes, Academia Literária dos Seletos, Academia Brasílica dos Renascidos, Arcádia Colônia Ultramarina, Academia Científica do Rio de Janeiro, Sociedade Literária do Rio de Janeiro, Arcádia Ultramarina, Academia Suassuna e Academia do Paraíso. As duas últimas, criadas por remanescentes do Areópago de Itambé.

segunda-feira, 7 de março de 2011

História da Maçonaria no Brasil

Uma Bibliografia para Estudo e Pesquisa


“Felizmente as instituições encontram sempre homens dedicados que se dão ao trabalho de confeccionar alfarrabios, decifrando textos quaze ilejiveis, ou interpretando frazes obscuras para esclarecimento da humanidade, sobre a formação e dezenvolvimento de certas agremiações, ou ensinamento ao povo sobre a origem, progresso e decadência de um Estado.”
(Mario Melo)


AFONSO, Eduardo José – A Guerra dos Emboabas. Guerras e Revoluções Brasileiras. São Paulo: Ática, 1998.
ALENCAR, Renato de – Enciclopédia Histórica do Mundo Maçônico. Vol. 1. Rio de Janeiro: Editora Maçônica, 1979.
ALVES, Derly Halfeld – Arruda Câmara: o Precursor de Itambé. In Areópago de Itambé: 200 Anos. Londrina: Ed. Maçônica A Trolha, 1996.
AQUINO, Rubim Santos Leão de; BELLO, Marco Antonio Bueno – Liberdade? Nem pensar! O Livro das Conjurações. Rio de Janeiro: Record, 2001.

domingo, 6 de março de 2011

Uma Loja Diferente (conto maçônico)


O sol iniciava seu caminho descendente enquanto uma suave brisa marinha soprava uma agradável sensação de liberdade naquela tarde de outono. Havia, no entanto, um convite ao relaxamento e à contemplação. "Nada como uma rede nessa hora", pensou.
As redes guardadas nas casas de praia tem um odor próprio, talvez fruto da maresia e da umidade sempre presentes. A sua estava agora no terraço, desde aquela manhã, quando chegara. Dali podia avistar quase todo o bairro daquela cidadezinha litorânea, para a qual costumava ir, nos finais de semana, a cada dois ou três meses.
Sua Iniciação o havia emocionado, e já iam passados três meses desde que escutara aquela frase que o assustara um pouco, talvez pelo sentimento imediato de decepção consigo mesmo, sem saber aonde havia errado: "O que vejo, senhor! Altera-se o seu semblante!"
Deitou-se na rede e um pensamento lhe pedia a atenção: até onde a riqueza dos símbolos, da linguagem simbólica da Arte Real precisava ser acompanhada das joias, pingentes, broches, colares, medalhas, e paramentos que lhe faziam lembrar-se dos desfiles de cardeais da Santa Sé, os almejados representantes da humildade do Cristo?
Estava confuso quanto ao que vinha observando nos últimos meses, procurava compreender e penetrar naqueles mistérios, trazer luz ao seu parco entendimento, mas o balanço da rede, a brisa realçando aquele cheirinho de praia e a hora propícia o fizeram adormecer.
No dia seguinte, uma segunda-feira, tinha um compromisso especial: daquela vez iria visitar a Loja de um seu amigo de longa data, que estava muito feliz por tê-lo como Irmão na Ordem.
Como é o costume nas Lojas, foi muito bem recebido e, ajudado por seu amigo que lhe apresentava a cada um dos Irmãos, foi ficando muito à vontade naquele ambiente fraternal.
- Meus Irmãos, vamos nos preparar para adentrar o Templo.
Ocupando o banco dos Aprendizes na respectiva Coluna, ficou curioso ao observar que seus pares, no mesmo banco, mostravam-se muito paramentados, portando joias, colares e aventais por demais bonitos e bem trabalhados para um simples Aprendiz, muito diferentes dos que esperava encontrar. Fizeram-lhe lembrar daqueles Irmãos de graus superiores e que ainda lhe pareciam inacessíveis nas fotos dos eventos oficiais. Achou, mesmo, que estava na ala dos Mestres, mas, observando a outra Coluna, viu, quase do mesmo modo, os Companheiros também intensamente paramentados, resolvendo esperar e tentar decifrar, ao longo da sessão, aquela charada que ora se apresentava. Talvez fosse uma instrução nova, quem sabe, um Tempo de Estudos diferente.
- Meus Irmãos, ajudai-me a abrir a Loja.
Seus olhos finalmente repararam no Oriente e, o que via, então?! O Venerável, os Mestres Instalados, as Autoridades, todos utilizando aventais de Aprendiz, abeta levantada, totalmente brancos e desprovidos de outros paramentos quaisquer. "O que será que está acontecendo?", conjecturou em silêncio, como um bom Aprendiz.
Ao longo da sessão, também lhe chamou a atenção o fato de que os Aprendizes eram os que mais tempo podiam dispor da palavra, enquanto os Mestres escutavam, ouvindo cada consideração apresentada. “A arte de calar e ouvir precisa ser ensaiada até que seja, de fato, aprendida”, lembrou-se de que tinha lido em algum lugar.
Terminada a sessão, percebeu que não reconhecia aqueles Irmãos, e tampouco encontrava o amigo que lhe convidara, e que ansiosamente procurava, para com ele esclarecer o que presenciara naquelas duas últimas horas.
Chegando à porta, logo ao sair do Templo, sentiu-se elevar-se no ar, afastando-se da Loja lentamente, a visão se lhe desvanecendo, mas ainda a tempo de ler na fachada da Loja: “ARLS Reversa”.
Acordou assustado na rede e, percebendo que havia sonhado, acalmou-se e resolveu conjecturar sobre o que ocorrera naquela Loja, durante seu sono.
Será que, naquela Loja Reversa, os Aprendizes iniciavam seu caminho na Maçonaria cobertos de paramentos e joias, que iriam gradativamente retirando à medida que avançavam nos graus, quer dizer, à medida que venciam suas paixões e se libertavam das vaidades, retiravam uma joia?
Será que esse caminho continuava ao longo dos graus, de modo que, ao atingir o topo da escalada maçônica, tornando-se então mais esclarecidos e iluminados, estariam desprovidos de toda vaidade e, por isso, seus aventais eram alvos, límpidos?
Será que os Aprendizes dessa Loja Reversa falavam mais porque ainda não dominavam, como os Mestres que escutavam, a arte de calar e ouvir e, certamente o conseguiriam mais facilmente depois que avançassem mais na Escada de Jacó?
Concluiu, então, que este poderia ser um bom tema para um Tempo de Estudos voltado para o crescimento de cada um e de todos, e levou a ideia para os Irmãos.
[documento de 5 páginas, em pdf]

sábado, 5 de março de 2011

Loja "Cavaleiros da Luz"


As informações sobre a existência da Loja “Cavaleiros da Luz” são muito esparsas, bastante reduzidas e, às vezes, contraditórias. Assim, buscamos, por esse motivo, organizar e resumir as que estão disponíveis, para que dessas se faça o máximo de proveito.
Alguns autores se referem à “Cavaleiros da Luz” como uma sociedade literária, como as academias. Outros, como uma sociedade secreta, mas sem referência explícita à Maçonaria. A documentação existente é exígua e, muitas vezes, os autores fazem declarações, mas sem garantia de consistência; porém, nestes casos, há muito mais um exercício de dedução, ou de inferência, do que de constatação.
[documento de 9 páginas, em pdf]

Livro: Gênese da Maçonaria no Brasil


Grandes nomes da Ordem – autores contemporâneos e historiadores modernos – escreveram sobre a criação do Grande Oriente do Brasil (GOB) e sobre a história da Maçonaria, a partir desse importantíssimo marco da escalada maçônica no Brasil. Nossa modesta pretensão, no entanto, foi abordar a história anterior ao GOB e, desse modo, deitar os olhos um pouco mais sobre o passado e, dentro desse processo histórico, contextualizar as diversas movimentações ocorridas pelo mundo ocidental de então, desde a Idade Média, a colonização portuguesa, os movimentos nativistas no Brasil, as revoluções americana e francesa, suas origens e as primeiras manifestações maçônicas individuais, as academias literárias e as sociedades secretas, as primeiras Lojas Maçônicas em solo brasileiro e, finalmente, aquela fase imediatamente anterior à fundação do Grande Oriente do Brasil. Este é, portanto, um livro de História do Brasil com os olhos na Maçonaria.